De Waal trata destas questões com elegância e clareza. Em tom de conversa
amena as quatro parte em que se divide o seu novo livro «Our Inner Ape»
( trad. Francesa, «Singe intérieur») - poder, sexo, violência e bondade
oferecem um síntese dos conhecimentos sobre aqueles dois nossos primos
e, ao mesmo tempo, um grelha de leitura do mundo contemporâneo.
Uma das suas teses mais interessante é que tem sido o sucesso indiscutível
do capitalismo que explica porque é que os seres humanos têm super-investido
numa ideologia neo-darwinista algo idiota, e que nos leva a negligenciar
e a subestimar o valor e aforça das forças altruístas, as quais estão inscritas
no nosso património biológico e que nos tem moldados ao longo da noite dos
tempos.
Multiplicando os exemplos, retirados da observação não só dos bonobos mas
também dos chimpanzés, Frans de Waal demonstra de forma convincente que
o altruísmo desinteressado está inscrito na nossa herança biológica, tanto
quanto a competição pela «sobrevivência do mais apto».Já presente nos macacos
mais longínquos e até mesmo nos mamíferos como os elefantes e golfinhos,
esta propensão foi reforçada nos grandes primatas, pela faculdade de se
reconhecerem num espelho.
A empatia está já presente no cão, por exemplo, mas a consciência de si,
nascida da hipertrofia do neo-córtex, abre a via à representação fina do
que se passa no espírito do outro. Assim como à faculdade de vir em ajuda
do outro, mesmo se este não tem nada a oferecer em troca.
Autor: Olivier Postel-Vinay
Texto surgido no nº393, Janvier de 2006 da revista La Recherche ,
l’actualité dês sciences